A expressão: “Algo existe porque foi criado.” Faz sentido?
Será uma ideia que nós, seres humanos, enraizamos porque nada aparece sem que alguém o idealize e construa primeiro? Obviamente que sim. Mas sejamos lógicos. Não temos a capacidade de criar algo material, apenas de o transformar. O mesmo se aplica à energia. Isto nos diz a ciência, e para alguém que não tem fé, a ciência é uma fonte de respostas. Mas esta terá sempre um enorme defeito, nunca estará perfeita, existirão sempre perguntas às quais serão preciso dar uma resposta. E apesar de já existirem muitas respostas de como as coisas funcionam, ainda não fazemos a mínima como é construído o “motor” do universo, apenas como funciona. Trocamos umas peças aqui, outras ali e obtemos resultados que por vezes são expectáveis, e outras completamente ao lado. Mas é este processo que nos trouxe onde estamos, este processo de tentativa e falha. A isto chamamos ciência, e quando comprovado, factos científicos.
No entanto existe algo mais profundo, invisível, que ainda ninguém sabe como funciona.
Em mecânica quântica foi comprovado o que Einstein chamava de “spooky action at a distance”. Isto é um exemplo deste nível incompreendido. Esta teoria defende que existe uma conexão entre partículas em que, quando uma é manipulada, a outra, independentemente da distância, também reage a essa manipulação. Isto foi recentemente comprovado cientificamente realizando um teste através do espaço. Mas que ligação é esta? Será possível que nasça de algum tipo de “consciência” cósmica, algo que pode nem ser inteligente pelas nossas directrizes, mas que tem a capacidade de conectar as diferentes peças do puzzle que é o cosmos? A verdade é que existe algo e conectou duas “entidades” através do espaço. Não seria curioso se esta básica e simples conexão seja algo parecido como quando as pessoas se conectam entre si? Como o sentimento de amor, ninguém o consegue medir, ninguém o consegue ver, mas tal como as partículas, é possível a sua observação através da manifestação de ações/reações. A única coisa que sabemos, ou neste caso sentimos, é que ele está lá. Mas nunca ninguém o comprovou cientificamente.
Sempre renunciei as religiões, sempre achei que era tudo demasiado pomposo, arrogante e falso. Em criança não se pensa, não se analisa, e muitos são obrigados a entrar pelo mundo das religiões e a aceitar que aquela é a verdade absoluta. Uns instintivamente rejeitam e outros aceitam. Mas agora, como alguém que tenta pensar, algo me diz que há algo superior, algo após a morte. E não são as religiões que me vão responder a estas perguntas.
Portanto, se não acredito em religião e a ciência não tem ainda respostas, de onde vem a consciência? Não acredito que a nossa consciência tenha nascido apenas de uma evolução biológica, de ligações e impulsos elétricos dentro do cérebro. Prefiro a possibilidade de que o cérebro evoluiu de modo a captar a minha consciência “cósmica”, tal como um rádio capta e transmite o seu sinal, os nossos corpos são meros transmissores de algo, de uma consciência única e que corresponde diretamente a nós. Já éramos antes de ser, e vamos continuar a ser depois de ir. Apenas transitamos entre diferentes estados de existência, nunca perdendo o nosso “Eu”, a nossa identidade.
Isto leva-me a outra e importante pergunta. Se já existíamos antes e continuaremos a existir depois, o que transita desta vida para a “outra vida”? Desde bebés que é possível ver que a pessoa que ali cresce vai ter certos traços de personalidade. Tendo desde alguns meses até alguns anos, e, não tendo ainda a inteligência de tomar decisões complexas, estas reagem a certos estímulos de uma maneira ou outra. Toda a gente nasce predisposta a uma série de sentimentos, que causam reações, aos estímulos apresentados de acordo com os seus sentimentos predominantes. Medo, Felicidade, Raiva, etc…
E se nascemos com eles, será possível que estes sentimentos, na sua forma mais básica, seja uma manifestação de algum tipo de uma consciência “cósmica”? Pressupondo que é possível, então sim, trazemos algo da “outra vida”, algo que foi previamente moldado por antigas experiências e que nos deixou naquele, “estado de espírito”, gravado na nossa consciência cósmica.
Quando morremos é exactamente isto que levamos de cá, o nosso “estado de espírito” gravado na nossa consciência cósmica, moldado novamente pelas experiências que vivemos. E em cada renascimento, uma oportunidade de a melhorar para que, quando morrermos, estejamos em paz.
Acredito que nunca perdemos os nossos “Eus”, e ao ficar num diferente estado de existência, não vejo razão para que não seja possível que não se reconheça o que outrora foi chegado a nós, apesar de tudo existe um “Eu”, logo, existe “Outro”. E no vazio do cosmos, onde tudo se interliga e onde tudo é um, volta-se a encontrar o que outrora amamos ou odiamos. Mesmo sem lembrança do que foi físico e palpável, a ligação sentimental encontra-se lá, como as duas partículas conectadas através de uma invisível, intocável e imensurável conexão.
O certo é a infinidade do universo em tempo, matéria e em energia. Portanto, existe alguma razão para que tudo o que disse até agora possa não fazer sentido? Será que ninguém criou o universo, mas que este simplesmente existe? Uma possibilidade que as nossas mentes, limitadas pela vida terrestre, não consegue verdadeiramente perceber, e que, caso seja verdade, valida tudo o que até agora disse, pois possibilita que nós, as nossas entidades e os nossos “Eus” sejam também eles infinitos. E que boa ideia esta é.
E será que existe algo superior? Uma entidade a quem as religiões chamam “Deus”? Também acredito que sim, mas fica para outra altura.
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